segunda-feira, abril 02, 2012

Eu queria Ser Odair José... #desarquivandoBR

O básico de qualquer ditadura que se preze é o controle da vida. A repressão persegue qualquer idéia contrária no campo cultural de maneira ampla. Podemos ver isso claro quando vemos a crítica comportamental que alguns Saudosos de 64 fazem, de forma bem ativa...

A obra de Odair José foi, nos anos 70, um dos marcos de ruptura do pudor brasileiro na música. Pegou um pouco da experiência de vida dele: Cantou muito em boates na região do cais do Rio de Janeiro. E, como um repórter, muito do que via da realidade do Porto ele colocou na música, convidando o ouvinte a reflexão e questionamento: exclusão social, alienação, adultério, homossexualidade, prostituição, anticoncepcionais, consumo de drogas e racismo. Sem metáforas. De forma adulta. Falava para um público, digamos, classe C, majoritariamente católico, conservador, apegado aos tabus, aos valores sociais vigentes.

Por tudo isso, foi um dos artistas mais perseguidos por fazer "canções que iam contra a moral e os bons costumes", preceitos considerados ‘sagrados’ pelos militares, Igreja, elite cultural...

Estamos falando do passado, mas ele se reflete no presente, quando pensamos que muitos destes temas ainda são problemáticos de serem abordados atualmente. Ainda falta maturidade na sociedade para falar sobre estes assuntos. O que cria o Caldo Cultural para que qualquer forma de restrição avance.

Quando todo mundo quer, no fundo mesmo, ser Odair José. E falar sem repressão do que sente e do que vê...

 


EDIT (01/04/2018).: por algum motivo que ignoro, quase todas as versões "Eu queria ser John Lennon tem cerca de um minuto a menos de música. Justamente a parte que o eu-lírico que queria ser John Lennon se declara a...
...Linda MacCartney.

Encontrei aqui a Versão que a Columbia fez para a coletânea em homenagem a Odair José, sem cortes.

 

Este post faz parte da quinta blogagem coletiva #desarquivandoBR, que se realiza de 28/3 a 02/4.

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